quarta-feira, 18 de junho de 2025

Sonâmbulos

Alguns filmes perdem muito em uma revisão, principalmente quando o assistimos novamente muitos anos depois. Foi o caso desse "Sonâmbulos". Da primeira vez que vi gostei da trilha sonora (dos anos 50/60 que adoro), do romance juvenil da primeira parte do filme e até mesmo dos efeitos visuais. Além do mais o filme tinha a assinatura de Stephen King, que sempre foi sinal de obras no mínimo medianas (regra que após alguns anos iria abaixo). O diretor era Mick Garris que vinha de vários trabalhos na TV, onde havia trabalhado inclusive em produções de Steven Spielberg, ou seja, o sujeito prometia ter uma bela carreira pela frente (algo que não se cumpriu pois depois ele se tornaria apenas produtor). Ele ainda chegou a assinar alguns roteiros de produções menores de filmes de sucesso como "A Mosca 2" mas nunca emplacou.

Nessa revisão ficaram claros alguns pontos. A primeira metade do filme é muito superior ao seu terço final. O romance entre o sonâmbulo jovem Charles Brady e Tanya é tolinho e sem qualquer profundidade mas pelo menos mantém o interesse. A boa cena de perseguição entre um carro policial e o carro esporte de Charles também rende um bom momento. O clima de tensão envolvendo a velha casa e os gatos ao redor também é algo bacana, e original pois não tinha visto em nenhum filme. O problema de "Sonâmbulos" realmente é seu desfecho. A partir do momento em que Charles é atacado e volta para casa o filme desanda. Quando eles se transformam então o clima que era de sutil suspense é substituído pelo puro e simples trash. Faltou sutileza a Stephen King aqui. Mesmo com todos esses problemas vale a pena a espiada, principalmente para quem é fã do King. A ideia inicial é boa, bem bolada, mas desperdiçada ao longo do filme, o que é uma pena.

Sonâmbulos (Sleepwalkers, Estados Unidos, 1992) Direção: Mick Garris / Roteiro: Stephen King / Elenco: Brian Krause, Alice Krige, Madchen Amick / Sinopse: Um jovem e sua mãe pertencem a uma rara raça de monstros chamada Sleepwalkers (Sonâmbulos). Em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos tentam se misturar com a população local. Baseado na obra de Stephen King.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Invocação do Mal 2

Título no Brasil: Invocação do Mal 2
Título Original: The Conjuring 2
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: James Wan
Roteiro: Carey Hayes, Chad Hayes
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Madison Wolfe, Frances O'Connor
  
Sinopse:
Logo após participar das investigações paranormais na mansão em Amityville, onde toda uma família foi assassinada, o casal Warren é contactado pelas autoridades da Igreja Católica. Eles desejam que Ed (Patrick Wilson) e sua esposa Lorraine (Vera Farmiga) viajem até o norte de Londres para descobrirem se uma série de acontecimentos estranhos e misteriosos são verdadeiros ou uma fraude. A Igreja evita se envolver em casos que chamem muito a atenção da mídia e por essa razão antes de entrarem no caso querem sondar o que realmente estaria acontecendo. A garota Janet (Madison Wolfe) supostamente estaria possuída por uma entidade do mal. Nada porém poderia preparar para o que os Warren encontrariam naquela casa londrina sombria.

Comentários:
Sem fazer favor algum esse segundo filme da franquia "The Conjuring" é seguramente o melhor de toda a série. Um dos melhores filmes de terror que assisti recentemente. Inicialmente o roteiro se divide em duas linhas narrativas bem separadas. Na primeira, Lorraine Warren (Vera Farmiga) percebe que uma entidade demoníaca a seguiu até sua casa após ela participar das investigações envolvendo aquele crime horrendo ocorrido na casa de Amityville, um caso sinistro que deu origem a sua própria série de filmes de terror de sucesso. Pois bem, a tal entidade estaria se utilizando de uma imagem de blasfêmia justamente para corroer a fé de Lorraine - uma católica devota. Aparecendo como um freira amaldiçoada o demônio parece querer algo do casal. Na outra linha narrativa uma típica família londrina sofre um forte abalo quando a garotinha Janet (Madison Wolfe) começa a manifestar estranhos sinais de possessão. Ao que tudo indica sua casa estaria sendo assombrada pelo espírito de um velho que lá havia morado no passado. Quando a Igreja Católica entra no caso resolve enviar antes o casal Warren para investigar os fenômenos sobrenaturais que se manifestam, ligando as duas linhas narrativas. A partir daí temos um dos melhores roteiros dos últimos tempos no cinema americano. Tudo muito bem narrado, atuado e dirigido. Um dos aspectos mais curiosos vem da cena final, um clímax realmente de arrepiar. Até chegar lá porém o espectador não precisa se preocupar pois os sustos são muitos - e todos muito bem feitos, preferindo sempre valorizar o suspense. O diretor australiano James Wan não costuma errar pois já havia dirigido o primeiro filme "Invocação do Mal", "Jogos Mortais", o filme original e "Sobrenatural". Esse entende bem desse tipo de produção. Nota dez para ele e todos os envolvidos na realização desse ótimo terror.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Drácula - O Vampiro da Noite

Título no Brasil: Drácula - O Vampiro da Noite
Título Original: Dracula
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Hammer Film Productions
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, Bram Stoker (livro)
Elenco: Peter Cushing, Christopher Lee, Michael Gough

Sinopse:
Drácula (Christopher Lee) é um misterioso conde que resolve se vingar de Jonathan Harker, um jovem que consegue sobreviver a um ataque do vampiro em seu castelo. De volta à grande cidade, Drácula pretende destruir toda a família de Harker mas antes terá que enfrentar o professor e pesquisador Van Helsing (Peter Cushing), um estudioso da existência de seres da noite como o famigerado nobre Drácula.

Comentários:
Esse filme é um verdadeiro marco do cinema de terror inglês. Foi o primeiro de Christopher Lee no papel do conde Drácula e um dos maiores sucessos de bilheteria da produtora Hammer Film Productions que iria se especializar em fitas de horror nos anos seguintes (com ótimos resultados, é bom frisar). Para quem está acostumado com os vampiros do cinema da atualidade o filme certamente trará algumas belas surpresas. O Drácula de Lee não é um ser romântico, charmoso, em busca de belas donzelas para conquistar seu amor adolescente. Pelo contrário, ele é um monstro apenas, quase sem diálogos, que ataca nas noites escuras sem qualquer sutileza. Ele está em busca de sangue e vingança e nada mais do que isso. Tudo realizado no meio de uma Londres nebulosa e sombria. Por falar nisso a direção de arte do filme é um primor, com cenários góticos e um clima sórdido muito eficiente. Peter Cushing como Van Helsing também é outro ponto positivo da produção. Em suma, um clássico absoluto que até hoje diverte e empolga. Um filme essencial na coleção de todo fã de filmes de terror.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Hellraiser II - Renascido das Trevas

Título no Brasil: Hellraiser II - Renascido das Trevas
Título Original: Hellbound: Hellraiser II
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: New World Pictures
Direção: Tony Randel, Clive Barker 
Roteiro: Peter Atkins
Elenco: Doug Bradley, Ashley Laurence, Clare Higgins

Sinopse:
Duas jovens garotas resolvem usar o cubo para irem até o inferno em busca do pai de uma delas. Uma vez nas trevas precisam enfrentar os sádicos e torturadores cenobitas, um médico psicopata e uma mulher enlouquecida pelas chamas eternas da noite eterna, comandadas pelo grande leviatã.

Comentários:
Sequência do cult Hellraiser! O criador de todo o conceito da saga, Clive Barker, acabou brigando com os produtores do estúdio durante os preparativos da continuação e por isso foi afastado, o que não impediu de ter sido creditado como roteirista, pois afinal de contas ele teria escrito todo o enredo dessa segunda parte. O filme foi bem recebido pela crítica em geral, mas os fãs dos cenobitas reclamaram pois o roteiro fazia inúmeras concessões no objetivo de tornar a fita mais comercial e aceita dentro do circuito mainstream. A principal crítica era referente à dupla de garotas que conseguia enfrentar os maiores demônios da escuridão e se sair bem, vivas! Um absurdo completo. O primeiro Hellraiser ficou conhecido por fugir desse tipo de clichê barato, com final feliz. Os adoradores do filme original queriam algo mais incisivo, forte mesmo, com tintas exageradas. De qualquer maneira, apesar do roteiro ser de certa forma medroso em ir até as últimas consequências, o filme ainda se mantém como um bom terror dos anos 80. Não chega a ser uma obra cult como o primeiro mas mantém o interesse, apesar de suas falhas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Sexta-Feira 13 - Parte 2

Já que o primeiro filme foi extremamente lucrativo para a Paramount era de se esperar que logo fosse feita uma sequência. Afinal o filme anterior foi extremamente barato e rendeu muito bem nas bilheterias. Menos de um ano depois de seu lançamento as filmagens dessa segunda parte começaram. Novamente o elenco contava com um grupo de jovens desconhecidos do grande público que em última análise só estavam ali mesmo para serem mortos pelo psicopata Jason Voorhees (Warrington Gillette). Por falar em Jason esse é o primeiro filme em que ele surge em cena, matando os desavisados que ousaram ir até Crystal Lake. A direção foi entregue ao novato Steve Miner que nos anos seguintes dirigiria alguns filmes de terror que fizeram grande sucesso no mercado de fitas VHS como por exemplo o terror "A Casa do Espanto" e o cult trash "Warlock - O Demônio". A Paramount, por sua vez, ficou bem satisfeita com o trabalho de Miner aqui, tanto que o escalou para dirigir a parte 3 de "Sexta-Feira 13".

O roteiro desse segundo filme da franquia não traz grandes inovações. Na verdade como bem salientou um famoso crítico do New York Times todos os filmes da série "Sexta-Feira 13" tinham basicamente o mesmo roteiro, só mudando mesmo a forma como Jason matava suas vítimas. Aqui o menu de mortes até que é bem variado. Jason mata com um arame farpado, martelo, lanças e nem um cadeirante escapa do serial killer. É curioso também o fato de que Jason surge com um saco na cabeça, provavelmente por não ter ainda encontrado sua famosa máscara de hóquei que viraria sua marca registrada nos filmes seguintes. O filme custou mais de 1 milhão de dólares e estreou em maio de 1981 com o slogan "A contagem de corpos continua...", se tornando mais uma vez um êxito de bilheteria. Os fãs pelo visto queriam mais e assim poucas semanas após o filme chegar nos cinemas a Paramount se apressou em anunciar a terceira continuação de "Sexta-Feira 13". Mal sabiam eles o que estava por vir...

Sexta-Feira 13 - Parte 2 (Friday the 13th Part 2, Estados Unidos, 1981) Direção: Steve Miner / Roteiro: Ron Kurz, Victor Miller / Elenco: Betsy Palmer, Amy Steel, John Furey, Warrington Gillette / Sinopse: Cinco anos após as mortes do primeiro filme um grupo de jovens se arrisca a invadir novamente o fechado e sinistro acampamento de Crystal Lake. O fato de estarem lá sem convite aborrece o psicopata Jason Voorhees (Warrington Gillette) que resolve promover uma matança em série na região.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

A Hora do Pesadelo

É a obra prima do diretor Wes Craven. Esqueça o horrendo (no mal sentido) remake que foi lançado há pouco, prefira mesmo o original, essa pequena obra de arte do horror dos anos 80. O roteiro não foge muito à formula dos filmes de terror daqueles anos, isso é inegável, mas a produção se destaca por trazer aquele que provavelmente seja o personagem mais famoso da galeria de assassinos do cinema americano: o famigerado  Freddy Krueger. Fruto de um estupro coletivo onde participaram alguns dos maiores criminosos que se tem notícia, o velho Freddy teve seu destino traçado ao ser queimado vivo por seus crimes bárbaros. Agora povoa os pesadelos de jovens inocentes que se atrevem a cruzar seu caminho diabólico. O personagem encontrou seu ator perfeito na pele do também bastante carismático  Robert Englund. Com rosto de poucos amigos ele se tornou um ícone tão forte dentro do universo do horror que se tornou facilmente reconhecível, mesmo sem a forte maquiagem de Freddy. Muitos atores sentem bastante receio de ficarem marcados para sempre por um único personagem mas Englund jamais viu problemas nisso. Em diversas convenções de que participou sempre deixou muito claro seu prazer de ter encarnado Krueger em tantos filmes que fez ao longo da carreira.

Outro destaque do elenco nesse primeiro filme da longa franquia “A Hora do Pesadelo” é o ator Johnny Depp, na época ainda um jovem aspirante ao sucesso que topava qualquer coisa, até mesmo morrer logo nas primeiras cenas em um filme menor como esse (“A Hora do Pesadelo” foi realizado com orçamento restrito, até porque ninguém sabia se faria sucesso ou não). Wes Craven mostra aqui seu toque de Midas ao colocar todas as mortes de um jeito inventivo e diferente – algo que anos depois seria usado por outras franquias de sucesso como por exemplo “Jogos Mortais”. Com muito sangue de groselha, jovens bonitos prontos para morrer e um personagem pra lá de marcante, “A Hora do Pesadelo” só poderia ter se tornado o sucesso que foi. O psicopata dos pesadelos Freddy virou produto licenciado para bonequinhos, revistas, sabonetes e tudo mais que tinha direito. Ainda hoje é um dos mais lembrados em épocas festivas como Halloween. Enfim, “A Nightmare on Elm Street” é item obrigatório a todo fã de terror que se preze. Assista e depois sonhe com Krueger e... sobreviva se puder.

A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, Estados Unidos, 1984) Direção: Wes Craven / Roteiro: Wes Craven / Elenco: Heather Langenkamp, Johnny Depp, Robert Englund / Sinopse: Um grupo de jovens começam a ter terríveis pesadelos com um assassino que foi morto pelos moradores da cidade no passado após ele cometer terríveis crimes contra crianças. Freddy Krueger, o terrível maníaco agora resolve se vingar de seus algozes ao infernizar a noite dos descendentes daqueles que o mataram em Elm Street.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

O Caçador de Troll

Filme produzido na Noruega ao estilo falso documentário. Logo no começo somos informados de que tudo o que se verá na tela realmente aconteceu, que as fitas foram achadas no meio de uma região deserta e que não se sabe onde foram parar os jovens que aparecem nas cenas. Velha lorota que já conhecemos bem desde os tempos de "A Bruxa de Blair". Pois bem, isso também faz parte do jogo nesse tipo de filme. O interessante é que ao contrário de outros filmes de terror que seguem por esse tipo de narrativa e que se tornam chatos demais, esse aqui até que considerei bem divertido. Afinal essa coisa de Troll, com os monstrengos bem realizados em computação gráfica, até que vira um bom passatempo para um filme de noite sem nada melhor para assistir.

No enredo um grupo de jovens universitários decide fazer um documentário sobre caçadores de ursos. Encontram um deles por acaso, mas o sujeito chamado Hans tem cara de poucos amigos e fica irritado por eles o estarem seguindo por onde ele vai. Então depois de muitos aborrecimentos decide abrir o jogo com os jovens. Ele não é caçador de ursos coisa nenhuma. Ele caça mesmo Trolls. E o que diabos é um troll? Um ser muito popular e frequenta no folclore dos países escandinavos. Seres grotescos, alguns deles gigantescos, que vivem escondidos nas florestas e nas montanhas. E então uma vez aberto o jogo todos partem na caçada em torno dessas criaturas que todos pensavam ser apenas contos de carochinha. E a partir dessa premissa de realismo fantástico o filme se desenvolve. Olha, até curti muito, apesar de todas as expectativas negativas que tive que encarar antes do filme começar.

O Caçador de Troll (Trolljegeren, Noruega, 2010) Direção: André Øvredal / Roteiro: André Øvredal / Elenco: Otto Jespersen, Robert Stoltenberg, Knut Nærum / Sinopse: Um grupo de jovens universitários noruegueses decide seguir os passos de um homem que eles acreditam ser um caçador de ursos. Só que eles estão enganados. Na verdade ele caça Trolls, de todos os tipos e tamanhos, escondidos nas montanhas e nas florestas do norte gelado da Noruega.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Exorcista - O Início

Título no Brasil: Exorcista - O Início
Título Original: Exorcist - The Beginning
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Morgan Creek Productions, Dominion Productions
Direção: Renny Harlin
Roteiro: William Wisher Jr, baseado na obra de William Peter Blatty
Elenco: Stellan Skarsgård, Izabella Scorupco, James D'Arcy

Sinopse:
Uma igreja católica é encontrada nas areias do deserto de uma região inóspita e desconhecida da África. A construção datada do século V intriga os pesquisadores. O Vaticano então envia o jovem Padre Francis para a região e lá ele acaba encontrando Merrin, um outro sacerdote católico que passa por uma profunda crise de fé e que agora se dedica a pesquisas arqueológicas. O que inicialmente parece ser um templo dedicado ao anjo Gabriel acaba se revelando algo mais, um lugar misterioso, de passado tenebroso, que parece esconder sua verdadeira origem diabólica.

Comentários:
Alguns filmes merecem uma segunda chance. Esse "Exorcista - O Início" foi tão malhado! Não merecia, pois acho um grande filme, sim, isso mesmo, filmaço! Além de contar os primórdios do diabo de "O Exorcista" o filme ainda conta uma bela história de perda e recuperação da fé em Deus. O padre Merrin perdeu sua fé em Deus por causa de um massacre promovido por nazistas no qual ele foi colocado na péssima posição de escolher quem iria morrer e quem iria viver entre aquelas pessoas inocentes. A crueldade, tão típica do regime nazista, deixa perplexo o religioso que clama pela presença de Deus ali. O oficial nazista então lhe diz uma frase marcante que irá abalar sua fé: "Padre, Deus não está aqui!". Depois disso Merrin vagou pelo mundo em busca de algum sentido para sua vida. Os anos passam. A arqueologia lhe trouxe algumas respostas pois era algo concreto. Então ele acaba aceitando a oferta de ir até um lugar distante na África onde uma Igreja católica de 1.500 anos foi encontrada. Dedicada ao Anjo Gabriel o lugar é completamente sinistro, sem altar, com apenas quatro estátuas enormes de anjos que parecem apontar suas lanças para um lugar central logo abaixo do tomo. É lá que Merrin irá encontrar respostas não apenas para o real significado da construção daquele local, mas também sobre a crise de fé pelo qual passa.

Achei ótimo o uso da lenda dos anjos decaídos (Lúcifer e seus comparsas) nesse roteiro. Foi um fio da meada perspicaz que acabou ligando tudo. A amostragem do passado, com cavaleiros cruzados em grandes massacres também foi muito bem inserida no roteiro. Os dois padres representam os dois lados opostos do sacerdócio, colocando em relevo a figura de um padre jovem e idealista, enviado pelo Vaticano, e a de um veterano, o próprio Merrin que está em uma crise de fé tão profunda que sequer quer mais ser chamado de padre! O filme perde um pouquinho o charme quando Sarah é finalmente possuída pelo demo mas temos que dar um desconto pois como esse foi uma produção comercial era necessário manter o interesse do público jovem. Mesmo assim as cenas do exorcismo propriamente ditas são boas e o final, com o Padre Merrin com a sua fé renovada, se dirigindo aos portões do Vaticano é muito simbólica. Fechou com chave de ouro um filme que merece ser assistido novamente. Já os críticos profissionais, aqueles mesmos que esculhambaram o filme, ora o que eles sabem? São uns bobocas com camisas pretas de bandas de rock capengas. São apenas uns bobocas pop petulantes. Ignore toda essa corja e vá assistir esse "Exorcist: The Beginning" com a mente aberta, sem preconceitos. Garanto que você vai gostar.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Terror em Amityville

Roteiro e Argumento: O roteiro do filme segue o livro no qual foi baseado. Esse livro foi escrito pela primeira família que foi morar na casa após o massacre ocorrido lá. Como se sabe sem motivo aparente Ronald "Butch" Júnior matou toda sua família a tiros de espingarda. Depois desse crime horrível a casa ganhou fama de ser mal assombrada. Os primeiros moradores a comprarem a casa foram os Lutz, que relataram vários acontecimentos estranhos quando se mudaram para lá. Claro que o filme carrega nas tintas mas de maneira em geral o roteiro consegue ser menos sensacionalista do que era de se esperar.

Produção: O filme investe bastante naquele que parece ser o principal personagem aqui: a própria casa. Assim usando jogos de luzes e sombras a produção tenta criar toda uma atmosfera pesada no local. Não há muitos efeitos especiais como era de se esperar numa produção da década de 70. O grande destaque no final das contas fica com a trilha sonora incidental de Lalo Schifrin. Aquele coro infantil seria copiado a exaustão nos anos seguintes e é certamente assustador. A música sozinha é responsável pela metade do clima de terror do filme. Muito boa.

Direção: Depois de uma boa parceria ao lado de atores como Paul Newman e Robert Redford o diretor Stuart Rosenberg resolveu voltar ao terror e suspense, gênero que ele trabalhou bastante quando era diretor de tv. Seu trabalho aqui pode ser definido como correto. Ele investe bastante na chamada "climatização", embora na minha opinião o filme perca parte de seu charme nas cenas finais (bem exageradas e apelativas). Teria sido bem melhor se tudo continuasse apenas na expectativa e no suspense.

Elenco: O grande destaque vai para Rod Steiger no papel de padre Delaney. Infelizmente o personagem se mantém coadjuvante até o final. Eu esperava que ele tomasse as rédeas da situação mas isso não acontece. De qualquer forma sua interpretação ainda é a melhor coisa do filme. Margot Kidder, recém saída do sucesso de Superman aparece em cena com muitas caras e bocas mas apesar disso não compromete, já o ator James Brolin (pai do Josh Brolin) está muito bem. Com aquela estética bem anos 70 (barbudo e pouco chegado num banho) o ator consegue criar uma boa atmosfera em torno do seu personagem.

Terror em Amityville (The Amityville Horror, Estados Unidos, 1979) Direção Stuart Rosenberg / Roteiro Sandor Stern / Elenco: James Brolin, Brad Davis, Margot Kidder, Rod Steiger, Don Stroud e Murray Hamilton / Sinopse: Família se muda para uma casa onde ocorreu um terrível crime em que o filho matou seus pais e seus irmãos a tiros. Após alguns dias na nova moradia eles começam a perceber a presença de estranhos eventos no local.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

O Exorcista III

Esse filme é um dos mais subestimados da história do cinema americano. "O Exorcista 2 - O Herege" foi uma das maiores porcarias da franquia, por isso muita gente não foi ver esse terceiro filme da série "O Exorcista". Perderam muito. O fato, e digo isso sem favor algum, é que "O Exorcista III" é um filmão! Na verdade o filme deveria se chamar "The Legion" pois o roteiro foi adaptado desse livro de terror escrito por William Peter Blatty, o mesmo que escreveu o clássico "O Exorcista". No meio das filmagens os produtores decidiram que ele iria chegar nas telas de cinema como "O Exorcista III" por causa da força do nome comercial.

O filme conta a história de uma investigação policial a cargo do detetive Kinderman (George C. Scott). Várias pessoas são encontradas mortas, decapitadas e com sinais de que foram realizados rituais religiosos durante os assassinatos. Entre os mortos estão dois padres e um adolescente. Conforme as investigações avançam o velho policial vai encontrando semelhanças com o modo de agir de um antigo serial killer. O problema é que ele está morto há anos. E um louco insano, internado em um hospício, parece ter as respostas que o velho policial tanto procura.

"O Exorcista III" aposta com muito sucesso em um terror psicológico de primeira linha. Há uma longa cena, dentro de um quarto de manicômio, entre os atores Brad Dourif e George C. Scott, que verdadeiramente me impressionou. Tudo construído apenas no talento dos atores e na força de diálogos mais do que afiados. Um show de interpretação! O interessante é que após as filmagens o estúdio decidiu que um novo final seria filmado e nem isso prejudicou o filme, pelo contrário, lhe trouxe mais consistência cinematográfica. Hoje em dia as duas versões, a do diretor e a do estúdio, estão disponíveis em DVD. Enfim, posso dizer que esse filme merece ser mais reconhecido nos dias de hoje. Com roteiro inteligente (o mais complexo da franquia, para dizer a verdade) e um elenco de grandes atores em cena, "O Exorcista III" é uma pequena obra prima do gênero terror. Merece lugar de destaque em sua coleção.

O Exorcista III (The Exorcist III, Estados Unidos, 1990) Direção: William Peter Blatty / Roteiro: William Peter Blatty / Elenco: George C. Scott, Ed Flanders, Brad Dourif, Nicol Williamson, Scott Wilson, Nancy Fish / Sinopse: Um veterano policial precisa investigar uma série de assassinatos com aparente motivação religiosa. E para sua surpresa, todas as respostas parecem estar com um louco insano aprisionado em um manicômio judiciário. Filme premiado na categoria de melhor roteiro pela Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Drácula (1931)

É incrível, mas eu nunca havia assistido a esse clássico do terror. Essa produção de 1931 foi a primeira adaptação autorizada do livro de Bram Stoker para o cinema americano. Também foi uma das mais importantes obras cinematográficas na transposição desse famoso personagem para as telas. O curioso é que o filme teve muitos problemas de produção. A Universal Pictures não queria investir muito dinheiro. Por isso contratou basicamente o mesmo elenco da peça na Broadway. Foi um acerto. Tanto Bela Lugosi (na pele do Conde Drácula), como Edward Van Sloan (que interpretava Van Helsing), estavam muito entrosados quando o filme começou a ser rodado. Eles basicamente apenas repetiram o que vinham fazendo nos palcos. O cinema mudo estava desaparecendo e a possibilidade do uso do som foi uma revolução e tanto. E eles tinham ótimos diálogos para seus personagens. Aliás é bom lembrar que esse foi um dos primeiros filmes falados da história.

O diretor Tod Browning fez um bom trabalho, principalmente na questão envolvendo a direção de arte do filme, como também nos cenários, figurinos, etc. Ele deu um visual ao vampiro que seria imitado por décadas e décadas. Algumas cenas, como a do grande salão do castelo de Drácula, até hoje impressionam pela beleza gótica. E pensar que essa primeira versão foi realizada com pouco dinheiro e com um diretor que não conseguiu terminar o filme porque o prazo estourou e ele teve que ir para outro lugar, para começar um outro filme pelo qual tinha assinado contrato. Quem terminou as filmagens foi Karl Freund, que também ajudou na sala de edição, criando assim um corte final rápido e sem excessos, trazendo muita agilidade para o filme de uma maneira em geral.

Em relação à teatralidade de certos momentos, principalmente nos gestos bem teatrais de Bela Lugosi, isso obviamente foi fruto de suas origens, pois ele na época era um ator de teatro. Seu visual estranho, seu sotaque húngaro, tudo se encaixou perfeitamente com a proposta de interpretar esse estranho conde. Outro aspecto digno de nota é que os produtores cortaram todas as cenas que pudessem ser consideradas violentas demais. Por isso o filme traz uma curiosa característica. O Drácula de Lugosi morde suas vítimas, mas isso nunca é mostrado no filme. Tudo fica apenas na sugestão e na imaginação do espectador. Também não se vê presas de vampiro. Para os executivos da Universal da época isso seria de muito mau gosto. Mal sabiam que o estava por vir nas décadas seguintes. Enfim, esse Drácula pioneiro do cinema é item obrigatório para quem se interessa pela história do cinema. O filme captou o nascimento nas telas de um dos personagens mais marcantes da sétima arte.

Drácula (Dracula, Estados Unidos, 1931) Direção: Tod Browning, Karl Freund / Roteiro: Hamilton Deane, baseado na obra escrita por Bram Stoker / Elenco: Bela Lugosi, Edward Van Sloan, Helen Chandler, David Manners / Sinopse: Um estranho nobre chamado Conde Drácula (Lugosi) viaja até Londres e acaba se interessando pela jovem Mina. Desconfiado de sua verdadeira natureza, o professor Van Helsing (Van Sloan) decide confrontar aquela estranha criatura que ele acredita ser um vampiro.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Jogos Mortais

Dentre as franquias de terror atuais uma das trajetórias mais curiosas foi a de “Jogos Mortais”. O primeiro filme era uma produção independente, de orçamento praticamente mínimo, com atores desconhecidos do grande público que conseguiu chamar atenção no concorrido Sundance Festival, aquele mesmo mantido pelo ator Robert Redford que funciona como um grande incentivo e promoção para filmes pequenos, independentes, procurando por distribuidores que aceitem lançar as películas em nível nacional. “Jogos Mortais” chamou logo a atenção por causa de seu roteiro singular e trama instigante. Além disso era extremamente violento o que chocou algumas pessoas em suas primeiras exibições. Quase todo o filme era ambientado em um só lugar: um banheiro imundo onde dois homens tentavam fugir da armadilha em que estavam encurralados. Ao seu lado jazia um corpo já em decomposição. Mas afinal de contas como eles foram parar lá? Eles teriam algo em comum? Quem os teria colocado naquela situação aflitiva?

Após alguns momentos eles descobrem que o cadáver tem em uma das mãos um pequeno gravador. Intrigados os dois acorrentados resolvem ouvir o que a fita tem a dizer e descobrem finalmente que estão em um verdadeiro jogo mortal, arquitetado e planejado por uma mente doentia pertencente ao serial killer Jigsaw (Tobin Bell). Não é preciso dizer que assim que “Jogos Mortais” foi bancado por um grande estúdio e ganhou lançamento nacional (e internacional) ele logo virou uma febre entre os fãs de filmes de terror. Era de fato um filme diferente, extremo, gore, que não fazia concessões. O sucesso foi espetacular. Não era para menos pois há tempos não aparecia um personagem tão marcante como Jigsaw, um assassino extremamente inteligente e ardiloso que colocava suas vitimas em situações limites, onde a chance de escapar tinha que passar por decisões horríveis por parte das vítimas. Era um jogo sádico, visceral, que expunha todas as hipocrisias das vidas dos que entravam nessa sinistra situação. Depois que “Jogos Mortais” virou um grande sucesso de bilheteria se tornou uma das franquias mais rentáveis e lucrativas do cinema americano contabilizando até o momento seis seqüências. Falaremos dessas continuações no momento oportuno. Por enquanto fica a dica de “Saw” uma das melhores produções surgidas no cinema de terror nos últimos anos. 

Jogos Mortais (Saw, Estados Unidos, 2004) Direção: James Wan / Roteiro: Leigh Whannell, James Wan / Elenco: Tobin Bell, Leigh Whannell, Cary Elwes, Danny Glover / Sinopse: Dois homens caem em uma armadilha mortal montada por Jigsaw (Tobin Bell), um verdadeiro jogo mortal do qual dificilmente sairão vivos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Alien - O Oitavo Passageiro

Esse foi o primeiro filme de uma longa linhagem de continuações – algumas interessantes, outras medianas e as últimas geralmente péssimas, principalmente às que foram realizadas sob a bandeira “Aliens Vs Predador”. Meros caça-níqueis. Mas não vamos perder muito tempo com isso. O importante aqui é relembrar desse primeiro filme, o original, que é sempre lembrado como uma das melhores ficções cientificas da história do cinema. “Alien O Oitavo Passageiro” conseguia unir em um mesmo filme, ficção e terror com raro brilhantismo. Não é, como alguns pensam, apenas mais uma produção de monstros, muito longe disso. 

O roteiro lidava muito bem com a possibilidade de um dia o homem explorar comercialmente o universo e nesse processo encontrar outras formas de vida (inclusive hostis). A nave espacial do filme não é uma nave de batalha intergaláctica que dispara raios pelo espaço! Longe disso, era um rebocador comercial, uma espaçonave pertencente a uma empresa privada de exploração de minas em outros planetas. Os sete tripulantes, em última instância, são trabalhadores, verdadeiros astronautas operários, que acabam lidando com uma situação extrema ao perceberem que não são as únicas entidades biológicas presentes naquele ambiente. Após atender um chamado de socorro em uma planeta distante um dos tripulantes acaba sendo infectado, trazendo uma entidade desconhecida para dentro de sua nave. Há um intruso, aquele que é chamado ironicamente de “o oitavo passageiro”.

O filme causou sensação em seu lançamento justamente por causa desse estilo mais realista, fora da fantasia que reinava nas produções de ficção da época (vide “Guerra nas Estrelas”). Ridley Scott literalmente transforma a nave espacial numa camisa de força, ou em um verdadeiro caixão de metal pois dentro dos limites da espaçonave se travará uma batalha pela vida e morte pela sobrevivência da entidade biológica mais forte, confirmando de certa forma as teorias Darwinistas da sobrevivência da espécie mais apta, mais resistente. Seleção natural em estado bruto. Homem vs Alien. O tom do filme é de puro pessimismo, gerando uma sensação de claustrofobia e desconforto que incomoda o espectador. Curiosamente a atriz Veronica Cartwright iria inicialmente interpretar a personagem principal, a tenente Ripley, mas Ridley Scott após algumas semanas pediu aos produtores que fosse contratada Sigourney Weaver, uma atriz de porte alto e elegante que cairia melhor no papel. A decisão como se sabe foi das mais acertadas pois esse acabou se tornando o personagem mais marcante da carreira de Weaver em toda a sua filmografia. Como a Academia sempre foi cautelosa em premiar filmes de ficção cientifica nas principais categorias restou a “Alien, o Oitavo Passageiro” o prêmio de Melhores Efeitos Visuais, ganhando ainda a indicação na categoria de Melhor Direção de Arte. Não faz mal, o filme ainda é um marco no gênero, com ou sem o reconhecimento do Oscar.

Alien, O Oitavo Passageiro (Alien, Estados Unidos, 1979) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Dan O'Bannon / Elenco: Sigourney Weaver, Tom Skerritt, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton, John Hurt, Ian Holm, Yaphet Kotto, Bolaji Badejo, Helen Horton / Sinopse: Tripulantes de uma nave espacial são atacados por uma estranha criatura parasita que toma posse do corpo de um dos membros da equipe. Agora, presos dentro da espaçonave, terão que enfrentar o estranho Alien. E que o mais forte sobreviva.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de março de 2025

O Exorcista II – O Herege

Havia assistido há muitos anos mas agora resolvi rever por pura curiosidade. Sabia que a continuação de um dos maiores clássicos do terror nunca foi considerado um bom filme mas devo confessar que até me espantei com sua falta de qualidade extrema. A trama de “O Herege” começa alguns anos depois dos eventos do primeiro filme quando a garotinha Regan MacNeil (Linda Blair) foi possuída por um demônio e exorcizada por padres da Igreja Católica, entre eles o padre Merrin (Max Von Sydow). Agora Regan já superou aquele drama e vive uma vida relativamente normal. Ela quer se dançarina profissional e estuda para isso. Ao mesmo tempo freqüenta uma psicóloga que tem a firme convicção de que tudo o que aconteceu não passou de um grave problema mental na garota, nada tendo a ver com possessões demoníacas. Para não deixar mais dúvidas sobre o que realmente aconteceu o Vaticano então envia o Padre Philip Lamont (Richard Burton) para realizar uma investigação completa sobre todos os acontecimentos do exorcismo da menina anos antes. Ele porém acaba descobrindo muito mais, inclusive sobre as verdadeiras origens do mal.

“O Exorcista II” tem dois grandes problemas em minha opinião. O primeiro é que o filme explica demais sobre as origens da entidade demoníaca que possuiu o corpo da garotinha no primeiro filme. Ficamos sabendo que ele se chama “Pazuzu”, que é um espírito maligno proveniente da África e que domina pragas de gafanhotos. Meus amigos fãs de terror eu pergunto: alguém realmente queria saber algo assim? Pergunto porque as explicações são tolas demais e quebram qualquer clima de mistério e suspense que o filme venha a ter. Os personagens falando o tempo todo em um demônio chamado “Pazuzu” acaba criando um humor involuntário que acaba com as pretensões de causar medo nesse filme. Para piorar o filme apresenta ainda uma engenhoca que “ligam as mentes” das pessoas que o usam. Parece aquelas engenhocas que o Dr. Brown dos filmes da série “De Volta Para o Futuro” usava, um trambolho completamente ridículo! Então se perde muito tempo com o uso desse equipamento onde entram na linha ao mesmo tempo o padre Lamont, a garota Regan e claro o... Pazuzu! Em determinado momento do filme fiquei realmente com pena de ver o grande Richard Burton envolvido em um abacaxi desse tamanho. Ele aliás não está nada bem, sempre com os olhos esbugalhados, suando e com cara de espanto (provavelmente ficou espantado com a ruindade do roteiro!). Enfim, se você gosta de “O Exorcista” faça um favor a si mesmo e nunca... repito... nunca veja esse “O Herege” pois caso contrário o primeiro filme vai acabar virando piada quando você se lembrar do tal Pazuzu! Francamente...

O Exorcista II – O Herege (Exorcist II: The Heretic, Estados Unidos, 1977) Direção: John Boorman / Roteiro: William Goodhart / Elenco: Richard Burton, Linda Blair, Louise Fletcher, Max Von Sydow / Sinopse: O Vaticano envia o Padre Lamont (Richard Burton) para investigar o exorcismo do primeiro filme. O que ele encontra porém é a origem do mal.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Sexta-Feira 13

Ontem foi Sexta-Feira 13, então me lembrei desse primeiro filme de terror de uma longa franquia, com filmes que iam do interessante ao ruim, das boas ideias ao patético. Esse primeiro filme faz parte de uma onda que varreu o cinema americano a partir dos anos 70. Antes disso os filmes no máximo investiam em cenas com mais suspense, onde a violência nunca era explícita, mas apenas sugerida. Depois os filmes de terror foram ficando mais ousados, mostrando cenas de sangue e tripas, como foi dito na época. E segundo essa tendência de violência mais explícita surgiram filmes como esse "Sexta-Feira 13".

O curioso é que nesse primeiro filme o personagem do Jason iria ser bem coadjuvante na história. Ele, no máximo, surgia como uma sombra, uma lenda que aterrorizava jovens ao lado do fogueiras no meio da noite. Estava longe de aparecer como o assassino de facão na mão e máscara de hockey na cabeça. É um filme bem mais soft do que os que viriam depois. É um bom filme? Diria que para a época estava muito bem localizado. Hoje em dia provavelmente os fãs de terror vão achar tudo um tanto datado. Afinal de contas o tempo não perdoa, nem a saga do Jason sobrevive ao passar dos anos. 

Sexta-Feira 13 (Friday the 13th, Estados Unidos, 1980) Direção: Sean S. Cunningham / Roteiro: Victor Miller, Ron Kurz / Elenco: Betsy Palmer, Adrienne King, Kevin Bacon, Jeannine Taylor / Sinopse: Um campo de verão vira palco de mortes e desespero anos depois que havia sido fechado justamente por causa de uma tragédia ocorrida em seu interior.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Hellraiser - Renascido do Inferno

Título no Brasil: Hellraiser - Renascido do Inferno
Título Original: Hellraiser
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: New World Pictures
Direção: Clive Barker
Roteiro: Clive Barker
Elenco: Andrew Robinson, Clare Higgins, Ashley Laurence, Sean Chapman

Sinopse: 
Frank Cotton (Sean Chapman) é um sujeito que procura o máximo em prazer sexual. Em busca de novidades acaba comprando um artefato desconhecido, um cubo bizarro que ele não consegue compreender completamente. Ao mexer no estranho objeto Cotton acaba abrindo um portal entre o céu e o inferno, liberando forças e criaturas que ele sequer sabia existir. A experiência acaba lhe custando a própria vida. Anos depois seu irmão, Larry (Andrew Robinson), ignorando o destino de Frank, resolve ir morar em sua casa, fechada há mais de dez anos. Ao lado da esposa ele acaba descobrindo que ir fixar residência naquele local foi definitivamente uma má ideia.

Comentários:
"Hellraiser" foi um marco do cinema de terror dos anos 80. O estilo e a concepção eram completamente inovadores, calcado em um misto de terror e sexualidade extrema, com ênfase em muito masoquismo e torturas. Um dos destaques do filme foi sua direção de arte fora do comum e uma maquiagem que até hoje é lembrada (e que sinceramente deveria ter levado o Oscar em sua categoria). Há cenas de forte impacto como a chegada dos cenobitas, criaturas provenientes das profundezas infernais que transformarão Frank em seu objeto de sadismo e violência. Tão marcante se tornou o filme que o próprio diretor, Clive Barker, diria anos depois que "Hellraiser" acabou prejudicando sua própria carreira pois se tornou um marco complicado de superar depois. De uma forma ou outra tudo acabou dando origem a um universo próprio, explorado em revistas, jogos, TV e cinema, com várias produções explorando ainda mais esse bizarro mundo. Já são muitas sequências, infelizmente nenhuma delas muito digna de nota. Esse aqui por ser o original vale bastante a pena. Era a década de 80 onde (quase) tudo era permitido em termos de terror. Enfim, um pequeno clássico do gênero.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de março de 2025

Invocação do Mal

Um casal e suas filhas se mudam para um velho casarão no meio do bosque. Há muitos anos o local se encontra abandonado mas pelo tamanho da propriedade e pelas possibilidades do lugar o preço se torna irresistível. Assim que se mudam começam a perceber estranhos acontecimentos. Primeiro o cão da família é encontrado morto, depois as jovens filhas começam a sentir a presença de entidades no local, tudo aliado a fatos inexplicáveis como o constante cheiro de carne podre que permeia toda a casa. Após uma noite em que fica clara a presença de espíritos no local a mãe das meninas procura pela ajuda de um casal especialista em demonologia. Após uma breve visita chegam na conclusão que realmente o local está infestado de entidades do mal. Enquanto esperam pela aprovação do Vaticano para a realização de um exorcismo tentam entender e pesquisar a natureza do mal que se manifesta no velho casarão. 

Essa produção de terror "Invocação do Mal" chamou bastante a atenção dos fãs de filmes de terror e suspense, tanto que foi exibido nos cinemas brasileiros. O público em geral também gostou bastante da proposta da película. A explicação não é tão complicada de entender. O filme escolheu, de maneira bastante acertada, seguir a linha dos antigos filmes de terror, principalmente dos da década de 70. Assim o que temos aqui é uma volta ao velho estilo, das casas mal assombradas e das fitas de exorcismo que tanto sucesso fizeram naquela década. O roteiro se baseia em fatos reais o que aumenta ainda mais o interesse. Obviamente que não foge a certos clichês - facilmente reconhecidos por quem costuma assistir a esse tipo de filme - mas mesmo assim temos que reconhecer que o resultado é muito eficiente. Além disso a ausência de efeitos digitais (que sempre estragam essa linha de produções de terror) é outro ponto muito positivo. Ao invés disso o diretor joga com a surpresa, com o susto e com a própria ambientação das locações (a casa velha, escura, a árvore assustadora usada para enforcamentos no passado, o lago imundo e assustador, etc). Como resultado de todos esses fatores o que temos é realmente um dos melhores filmes de terror do ano! Se você gosta de temas assim, então "Invocação do Mal" é mais do que recomendado pois os sustos estão assegurados.

Invocação do Mal (The Conjuring, Estados Unidos, 2013) Direção: James Wan / Roteiro: Chad Hayes, Carey Hayes / Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ron Livingston / Sinopse: Casal e suas filhas se mudam para um velho casarão que começa a dar sinais da presença de entidades sobrenaturais do mal.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de março de 2025

O Exorcista

"O Exorcista" é apontado por muitos como o melhor filme de terror já feito. A produção causou forte impacto em seu lançamento e até hoje é cultuada. De certa forma é até simples de entender essa repercussão toda que o filme atingiu. A trama da garotinha possuída por um demônio bateu fundo no inconsciente coletivo do público ocidental. Como se sabe em países onde o Cristianismo é considerado a religião predominante o diabo não é apenas um ser de ficção mas uma entidade real, de existência induvidosa. Assim o que se passa nas telas obviamente amedronta as pessoas com essa formação religiosa. 

Para reforçar ainda mais essa situação não podemos ignorar que embora o filme seja baseado em um livro de William Peter Blatty esse foi escrito em cima de um caso real ocorrido na Itália. A única diferença é que na história real os fatos aconteceram com um garoto e não uma garotinha como vemos nas telas. Até hoje a igreja Católica mantém um sistema de revezamento de orações no local onde ocorreram as manifestações. Não cabe aqui discutir o que causou esses eventos, se era realmente uma possessão ou um mero transtorno psicológico, o que importa é entender que "O Exorcista" levou os fatos para o universo da cultura pop, o marcando para sempre.

Outro fato digno de nota é que mesmo após tantos anos o filme, mesmo visto atualmente, não envelheceu tanto. Claro que em termos narrativos há alguns aspectos que soam datados, mas a força da trama não sofreu o pesar dos anos. Nem suas péssimas continuações atrapalharam nesse quesito. Filmes marcantes assim costumam ser tão imitados que acabam perdendo sua força original. Com "The Exorcist" não sentimos tanto essa perda. O filme continua muito bom, muito impactante e provocando medo aos que o assistem (o que no final das contas é o objetivo de todo filme de terror bom que se preze). Em conclusão "O Exorcista" realmente merece a fama e o status que tem. É um excelente momento do cinema de terror da década de 70 que se mantém firme até os dias de hoje.

O Exorcista (The Exorcist, Estados Unidos, 1973) Direção: William Friedkin / Roteiro: William Peter Blatty baseado em seu próprio livro / Elenco: Linda Blair, Max Von Sydow, Ellen Burstyn, Lee J Cobb, Jason Miller, Kitty Winn, Jack MacGowran / Sinopse: Jovem garota (Linda Blair) começa a manifestar sinais de possessão demoníaca. Para ajudá-la a Igreja envia dois padres exorcistas para combater o mal.

Pablo Aluísio.